Nunca pensei em conversar longamente sobre o Carnaval com uma criança, e acho que não tive essa chance com minhas filhas. Foi ontem, na hora de dormir, que tirei um tempo para falar com meu neto sobre a festa de Carnaval.
A questão não era o calendário religioso nem o motivo de se chamar “Carnaval”, mas sim a grandiosidade da maior festa do mundo. Falei sobre as escolas de samba e, como ele ama futebol, comparei com as séries A e B do Campeonato Nacional. Expliquei os quesitos que classificam ou desclassificam uma escola, mostrei como desfilam na avenida e falei sobre o samba-enredo.
Muitos adultos nem sabem o que é, porque já não assistem mais, como antigamente. Hoje, viajam e acabam esquecendo do Carnaval – a maior festa do mundo.
Este ano, a Portela homenageia Milton Nascimento (81). O samba é permeado de expressões que os fãs do Clube da Esquina conhecem bem: o “Trem Azul”, “Maria”, “Cais”, “Sebastião”. Para quem não conhece a obra de Milton, pode ser difícil perceber a homenagem no samba-enredo.
Para uma criança que nunca ouviu falar de samba-enredo, compreender esse universo é ainda mais desafiador. Na minha visão, o samba-enredo deveria fazer parte do currículo de Português. Como é construído? Do que é composto? O que não pode faltar? Qual sua métrica? Os grandes sambas de época…
O samba-enredo conta uma história e, no post que você acabou de ler, trago algumas sugestões de literatura infantil que abordam o Carnaval de forma lúdica e inteligente, ressaltando-o como parte da nossa cultura.
O mais interessante é que não temos apenas o Carnaval do Rio – a maior festa do mundo – mas também o de Olinda, o de Pernambuco, o de Salvador e o de Belo Horizonte. Cada um com suas particularidades, e todos gratuitos.
Isso torna a festa democrática e atrativa. Mas há quem diga que não é um evento para crianças.
Em Belo Horizonte, por exemplo, há vários blocos infantis e familiares, cada vez mais organizados e voltados para o público mirim, que apenas veste sua fantasia favorita e sai para as ruas ao som de antigas marchinhas.
É claro que levar crianças para o Carnaval de Salvador, no meio da multidão, seguindo um trio elétrico, não é recomendável. O calor intenso e a aglomeração podem ser perigosos, aumentando o risco de insolação ou de a criança se perder.
Mas conversar sobre essa festa é um tema interessante e curioso. Falar das cores das escolas de samba, assim como dos times de futebol, sempre gera surpresa!
Se ainda não parou para conversar com seu filho, sobrinho ou neto sobre isso, experimente. Vai se surpreender com a quantidade de perguntas!