Quando li o título Como Criar Filhas Feministas, de Chimamanda Ngozi Adichie, minha primeira reação foi: Vixi! Perdi a chance, minhas filhas já estão criadas! Imaginei que o livro só me faria sentir culpada por não ter feito tudo “certo”. Mas, ainda assim, comprei e li.
O título original, Dear Ijeawele, or a Feminist Manifesto in Fifteen Suggestions, é, na verdade, uma reflexão poderosa e inspiradora sobre como criar meninas fortes, autônomas e conscientes das questões de gênero. Um texto que falou tanto para a mulher adulta que sou quanto para a menina que ainda habita em mim.
O livro nasceu de uma carta que Chimamanda escreveu a uma amiga que lhe pediu conselhos sobre como educar sua filha em um mundo repleto de desigualdades e preconceitos. A partir disso, a autora apresenta 15 sugestões práticas para promover a igualdade de gênero desde a infância, abordando temas como autoestima, liberdade de escolha, respeito às próprias vontades e a desconstrução de estereótipos. Mas, pensando bem, essas reflexões não são úteis para qualquer idade?
Algumas das sugestões que mais me impactaram:
Autonomia e liberdade: Chimamanda destaca a importância de ensinar meninas a se posicionarem, tomarem decisões por si mesmas e se sentirem confortáveis com sua própria voz. Essa é uma questão tão crucial que mal sei como descrever. Afinal, qual mulher nunca esteve em uma reunião cercada por homens de vozes graves e impacientes para falar? Quem nunca viveu a experiência de ser interrompida assim que começava a se expressar?
Desconstrução de estereótipos: A autora sugere que os pais incentivem suas filhas a romperem com padrões de gênero, mostrando que elas podem ser o que quiserem. No Brasil, já avançamos nesse sentido – as mulheres estão em todas as áreas –, embora muitas ainda enfrentem remuneração desigual. No entanto, seguimos sub-representadas na política, no Judiciário e no parlamento.
Importância de modelos femininos fortes: Chimamanda defende que é fundamental que meninas tenham exemplos de mulheres poderosas e independentes para se inspirarem, sejam elas figuras históricas ou pessoas próximas. No final do livro, há uma lista de biografias de mulheres que marcaram a história. Mas encontrar referências femininas no dia a dia ainda é um desafio. As mulheres continuam sobrecarregadas, exaustas, tentando equilibrar carreira, sucesso, paz e, claro, tempo para as filhas que crescem. Como dar conta de tudo?
A importância da leitura: Como defensora da literatura, Chimamanda sugere que os pais incentivem suas filhas a lerem livros que ampliem sua visão de mundo, desafiando normas sociais e estimulando um olhar crítico e questionador. Mais uma sugestão que vale para qualquer idade, não é?
No fim das contas, percebi que nunca é tarde para aprender e evoluir. Nem para nós, nem para nossas filhas.
Sugestões de livros que contam histórias de mulheres para crianças :
Mulheres Que Mudaram o Mundo
Luiza S. Callis
A História de Malala
Malala Yousafzai (com adaptação para crianças de Patricia McCormick) Companhia das Letrinhas
Meninas Poderosas – Mulheres que Mudaram o Mundo
Ana Carolina Lima
Companhia das Letrinhas
As Meninas Superpoderosas
Marina Colasanti Record
Cientistas: 50 Mulheres que Mudaram o Mundo
Rachel Ignotofsky
Companhia das Letrinhas
Histórias de Mulheres que Mudaram o Mundo
Margarida de Abreu
Edições 70