A beleza de estar à toa: a contemplação como exercício de sensibilidade

Por Mônica Bonilha

Vivemos em uma era em que produtividade e resultados definem nosso valor. Paradoxalmente, esquecemos que há momentos em que não fazer nada é essencial para o nosso bem-estar e criatividade. Observar o céu mudando de cor, notar uma nuvem que passa lentamente ou ouvir o silêncio de uma rua vazia pode ser tão enriquecedor quanto qualquer tarefa produtiva.

Chico Buarque, em sua letra poética, já nos lembrava: “Estava à toa na vida e fui pra janela ver a banda passar”. Há poesia no ato de parar, de se permitir contemplar sem pressa. Olhar pela janela é, na verdade, um exercício de introspecção; o que acontece lá fora é apenas o reflexo do que desperta dentro de nós.

Muitos insights, ideias e soluções surgem nesses momentos de pausa. É no voo silencioso da mente que aprendemos a acalmar nossos pensamentos, a organizar emoções e a nos reconectar com nós mesmos. Reservar instantes para a contemplação diária não é perda de tempo, mas sim um investimento na criatividade, no equilíbrio emocional e na percepção do mundo que nos cerca.